domingo, 30 de agosto de 2009

Bicho de Sete Cabeças.

Não dá pé
Não tem pé, nem cabeça
Não tem ninguém que mereça
Não tem coração que esqueça
Não tem jeito mesmo
Não tem dó no peito
Não tem nem talvez ter feito
O que você me fez desapareça
Cresça e desapareça...

Não tem dó no peito
Não tem jeito
Não tem ninguém que mereça
Não tem coração que esqueça
Não tem pé, não tem cabeça
Não dá pé, não é direito
Não foi nada
Eu não fiz nada disso
E você fez
Um Bicho de Sete Cabeças.

sábado, 29 de agosto de 2009

Liesel,

Por que você ainda insiste? Por que quer penetrar em algo tão íntimo? Por que não me deixa em paz? Você teima em querer algo fora do seu alcance! É impossível. Estou fechado a visitações. Quando penso que estou sozinho, você aparece e me enche de perguntas, com esse seu jeito insuportável, me dá uma agonia, uma angústia. É impossível ter uma conversa com você. Não sei como te suportei todo esse tempo. Por que insiste em entrar em mim?
Tuas idéias não me interessam, seu rosto simétrico, seu corpo médio, seus seios pequenos e pontudos, nada disso faz graça, nada disso me desperta desejo. Não vê que não quero ninguém por perto? Não percebes que estou impenetrável? Preso em mim mesmo. Não quero saber de tua vida, não tenho curiosidade do que você está fazendo. Cansei de tentar sair de fino, cansei de não tentar te magoar, fazer você perceber que não quero sua presença é difícil! Pois por mais que eu tente me afastar, me calar. Você me persegue, me cerca, me pressiona. Cuida de ti, e me esqueça. Eu sei que não é fácil me deixar ir, mas se quer o meu bem, que assim seja.
Adeus.


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Distúrbio

Que madrugada! Mais uma dessas e eu estarei em um manicômio concerteza. Não dormi, se dormi, nem percebi. Assim que deitei e apaguei a luz, o quarto estava mais escuro que o normal, me assustei tanto que mal reparei nas estrelas do teto do meu quarto, que ao longo de alguns minutos apagam espontâneamente, ficando assim, o quarto mais sombrio. Senti que metade de meu corpo estava dormente, e uma dormência tão descabida, tão improvável que já estava me endoidando na primeira hora.00:30, levanto o braço torto e tento alcançar o interruptor, luz acesa enfim, a me ofuscar. Meu corpo voltou ao normal. Porém, eu sentia um sono insólito e incontrolável, parecia que iria desmaiar, mas não conseguia dormir, vinham flashs em minha memória todo momento, senti que meus olhos não paravam, parecia que estava fora de mim. Não conseguia sair desses pensamentos, tentei me concentrar ao extremo na lâmpada, consegui domesticar minha mente por uns instantes. Tentei mover meus olhos devagar para outro objeto, e conseguir me focar justamente em um planetinha que tem no teto do meu quarto, saturno. Quando já estava quase adormecendo, mesmo de luz acesa, voltaram os pensamentos, rápidos como vultos. Lembrei da aula de física, do relatório sobre saturno, do seminário, do que li sobre o assunto. E nada de conseguir dormir. Minha mente estava confusa, bagunçada. É como se houvesse um tornado fazendo com que as palavras, os conhecimentos, as imagens, pensamentos, idéias, lembranças, preocupações, voassem para todos os lados. E vinham vários fatos bons misturados com outros indesejáveis.Tive tantas oscilações de humor em poucas horas que meu corpo não queria mais reagir, estava paralisada, morta, demente. Depois da segunda tentativa de me concentrar em algum objeto, consegui mudar de posição, e estiquei o braço mais uma vez para o interruptor. Trevas, mais uma vez, corpo dormente. uma sensação de que estava nua, e não havia mais nada ao meu redor, é como se estivesse flutuando, é como se não fosse dona de meu corpo. 2:34, com um movimento brusco, levantei-me, acendendo novamente a luz, fui ao banheiro, vagarosamente, mais parecia um zumbi. 2:56, não conseguia encarar o escuriço do meu quarto. 3:00, acesa mais uma vez a luz, decidi deixar assim. 3:40, tive um pequeno momento de lucidez, comecei a ter visões, de torturas, de psicopatas, palhaços, massacres, chacinas, e tudo que já me fez perder o sono de filmes de terror. 4:09, revivi o medo dos meus antigos pesadelos, a lua gigante na janela da sala, a cabeça no microondas, o cadáver na janela do primeiro quarto, etc. 4:30, ouço a voz da minha mãe para apagar a luz, demoro um pouco para reagir. Pretume. Sentia meu corpo totalmente entorpecido. Tive mais um flash gigantesco, deve ter durado quase uma hora. Quando dei por mim, já eram seis horas da manhã. Levantei com dificuldade, mas com disposição, parecia mais que estava me livrando de uma prisão, parecia até que meu descanço seria um dia bem agitado. Tentei dormir hoje a tarde, lutei em vão. Só não quero uma madrugada dessas de novo nem tão cedo!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ich Will

Ich will dass ihr mir vertraut
Ich will dass ihr mir glaubt
Ich will eure Blicke spüren
Jeden Herzschlag kontrollieren

Ich will eure Stimmen hören
Ich will die Ruhe stören
Ich will dass ihr mich gut seht
Ich will dass ihr mich versteht

Ich will eure Phantasie
Ich will eure Energie
Ich will eure Hände sehen
In Beifall untergehen

Seht ihr mich?
Versteht ihr mich?
Fühlt ihr mich?
Hört ihr mich?

Könnt ihr mich hören?
Wir hören dich
Könnt ihr mich sehen?
Wir sehen dich
Könnt ihr mich fühlen?
Wir fühlen dich
Ich versteh euch nicht

o/

domingo, 23 de agosto de 2009

FÜCK DICH!

Coralzinho! Coralzinho! Vamos lá, cantem comigo! Foodaa-see, foodaa-se o mundo, a escola, o vestibular. foodaa-se o bom senso, o bom gosto, as aparências, hipocrisia, a verdade, a sinceridade, a generosidade, a bondade, esperança, amor. Fodam-se as teorias, as ideologias, as súplicas, as agonias. Foda-se o ser humano. Foda-se tudo, que eu cansei desse tudo! /desabafo

sábado, 22 de agosto de 2009

Drag me to hell

Olá, Débora!

Ontem foi um dia interessante, fui ao cinema, vi cenas que não queria no espelho, tive alergia, muita dor, muita alegria, sustos, desejo, vergonha, medo, euforia, crise, ciúme, surtos, tristeza, raiva, angústia, tesão, reflexão, inveja. É, meus dias são como terras novas, eu os exploro até o fim, eu saboreio cada segundo, mas me perco na paisagem, esqueço de mim, esqueço de tudo e todos, me apego a pequenos detalhes. Me pego às vezes tão, mas tão destraída com livros que nem se quer são meus, esse é o maior motivo para eu detestar livrarias, elas me deixam perdida, me fazem sair de mim, desejar tudo aquilo, é como uma fuga da realidade, uma ilusão confortável. Dias como esses me fazem sentir uma sensação de liberdade, uma vontade de sair por aí sem rumo, ou de pular de uma daquelas pontes do Antigo. Bem, gostaria de mais dias como ontem, ao lado de amigos, apesar de não saber muito bem interagir em grupo, tento fazer isso individualmente com cada um.
Quero tentar não me distrair tanto, nem me iludir. No fundo sou como uma criança mesmo. Como Luana diz.

Pra terminar o dia, só mais uma xícara de café.

domingo, 16 de agosto de 2009

Mortificação a milanesa

Primeiro post, oi!
odeio blogs, não sinto vontade de escrever nada neles, se bem que ninguém lê mesmo. Mentira, Débora vai ler não é? ha. Aposto que ela não vai aguentar ler muito disso.

Hoje fui a um velório. Não gosto de velórios, eu dizia. Mas se esse foi o primeiro, agora posso mesmo dizer: odeio velórios. Quando entrei numa sala cor de rosa, com flores pra todos os lados e um caixão, passei direto, fui a cozinha. A pior ação do mundo num velório, não é rir, é comer. Peguei um pedaço de bolo de milho e fiquei me lambusando feito uma porca, apreciando a choradeira da mãe do defunto. De repente, chegou um homem alto, bonito, óculos igual ao de John Lennon, que relinchava ao abraçar todos. E cada vez entrava mais gente, cercando o caixão como urubus avançando em carniça. E como eu, uma boa garota que sou, fazia carinha de pena, e de choro para todos que me olhavam, disfarçando que era a primeira vez na vida que havia visto o homenageado. Mas de fato, estava me sentindo mal, andava do terraço pra cozinha, da cozinha pra o terraço. Por um momento imaginei a mim mesma, deitada em um caixão, os vermes me comendo, assim como eu comia aquele bolo. De repente comecei a me imaginar um verme, a me deliciar com toda aquela carne branca do morto, imaginava que dentro dele, era como um spaghetti a milanesa. Minha ilusão foi quebrada com um puxão no braço, meu pai, que fazia aniversário hoje perguntou se eu estava com fome, respondi que não, mas ele insistiu para irmos comer. Fiquei ainda um tempo paralisada olhando o rosto pálido do extinto. É, acabei adepta a todo aquele defuntismo.
Ao sair da casa, encontrei alguns amigos do passado, que não me trazem boas lembranças. Vinheram falar da defunção do falecido, porém pedi licença, pois isso pouco me interessava, muito menos a hora do mortório.
Eu e meu pai saímos a caminhar procurando um restaurante, quando uma amiga nos chamou para almoçar em sua casa. Ao aceitar o convite, sentamos a mesa, conversando e degustando o maravilhoso spaghetti a milanesa que ela havia preparado.